E eis que Ele ressuscitou...

E então o homem capaz de encantar os mais simples, surpreender os mais sábios, amparar os mais pobres e socorrer os mais necessitados foi condenado por ser diferente, por querer curar e alegrar a todos, por tratar bem a todos, sem nenhuma espécie de distinção. O homem sem preconceitos, sem vaidades, capaz de perdoar e de aceitar, foi traído, preso, pregado na cruz, humilhado e assassinado naquela sexta-feira triste e sombria... Mas eis que nem a morte poderia prender aquele que tinha a única e exclusiva missão de nos ensinar a verdade, nos ensinar a perdoar, a aceitar, a entender, enfim, a ter a metade das qualidades que Ele, de certa forma, enxergava em nós. Eis que esse homem ressuscitou dentre os mortos e cumpriu a sua missão de nos dar outra chance, de nos resgatar, de nos guiar e nos salvar. E apesar de todo esse sofrimento e dedicação, eis que nós, que não aprendemos quase nada com esse homem, que entendemos tudo errado, permitimos que Ele continue morrendo todos os dias, dentro de nós, ao nosso redor, sem sequer percebermos que Ele, de fato, ressuscitou e vive disfarçado nas feições tristes de tantos outros iguais a nós, tantos outros que olhamos com indiferença, com desprezo e com desinteresse. Que a páscoa seja, portanto, mais uma oportunidade de percebermos que Jesus não só ressuscitou como pode ser encontrado dentro de nós mesmos e de todos os nossos semelhantes, mesmo aqueles que muitas vezes fingimos não enxergar, traímos, julgamos, condenamos e crucificamos. Uma feliz páscoa para todos: negros, brancos, gays, heteros, gordos, magros, baixos,  altos... Uma feliz páscoa para todos aqueles que têm a consciência   de que a páscoa é, na verdade, o melhor tempo para ressuscitarmos Jesus dentro de nós mesmos e nos fazermos, o máximo que pudermos, semelhantes a Ele.